domingo, 22 de abril de 2012

Trecho do livro Hadassa, em andamento

     O topo da montanha, diante do altar onde arde uma fogueira para sacrifícios, estão duas mulheres observando os raios dourados e vermelhos do crepúsculo. O vento é muito, muito forte: seus vestidos, brancos e feitos com os tecidos mais finos que a Pérsia poderia produzir esvoaçam freneticamente tanto quanto seus cabelos que, com a força do vento, tem seus penteados desmanchados, e, em alguns instantes, lança mechas em seus rostos.
     “Amanhã te casarás com o homem mais poderoso deste mundo” diz uma delas, “Sabeis bem o que é ser uma esposa, não?”
    Estão uma de frente para a outra e ambas à esquerda do altar. As duas são minuciosamente lindas: ambas tem cabelos negros cacheados, olhos espontaneamente brilhantes e amendoados, corpos delicados e convidativos e rostos que, quando contemplados, exigem grande esforço para deixarem de ser observados e maior esforço ainda para não apaixonar. Apesar de serem ligeiramente diferentes, nenhum observador jamais conseguiria dizer que se trata de mãe e filha.
    “Sei o que é ser uma esposa, por que tu me ensinaste.” responde a outra, “O que eu não sei ainda é ser uma rainha!” conclui.
    Há uma única diferença marcante entre as duas: a mãe tem uma voz confiante de mulher, enquanto a filha tem uma voz doce e fina de uma adolescente.
    “Vasti, minha filha, o que te assombras?” pergunta a mãe.
    A moça abaixa os olhos, deixando óbvio seu sentimento de preocupação. “Os Magos, mamãe.” responde ela como uma menininha pede socorro, “eles não entendem nossa religião. Dizem que o Profeta Zoroastro é uma fraude, um blasfemo. Eles não gostam de mim e, se eles se opuseram a meu casamento, certamente me atormentarão no palácio”.
    A mulher estende sua mão e, delicadamente, levanta pelo queixo a cabeça de sua filha. Depois, olhando nos olhos dela, diz: “Tu és filha de um dos maiores Generais de Infantaria e do maior proprietário de terras da Pérsia. Teu pai enfrentou os Magos para converter-se ao Zoroastrismo e casar-se comigo. Contigo será o mesmo.”
    Os olhos da mocinha brilham com intensidade ainda maior. “Além disso” continua a mulher a falar, “Mazdâh, o deus único sobre quem Zoroastro ensinou, te escolheu para rainha. Seja fiel a ele e nunca, mas nunca mesmo os Magos poderão fazer nada contra você!”
    A mocinha dá um sorriso, e, como resposta sua mãe a abraça.

quinta-feira, 22 de março de 2012

Os Valentes de Davi já foi lançado pelo Clube de Autores!

Você pode adquirí-lo neste link: http://clubedeautores.com.br/book/125755--Os_Valentes_de_Davi

Grande abraço a todos.

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Romance: os Valentes de Davi

No livro de II Samuel, capítulo 23 vemos um relato interessante e pouco estudado, sobre uma Tropa de Elite formada por guerreiros valorosos cujos feitos ecoaram na memória hebraica e foram registrados no Primeiro Testamento (Antigo, como é mais conhecido). Este grupo era capaz de enfrentar leões, gigantes e divisões inteiras em inferioridade númerica ou até mesmo sozinhos.

Os Valentes de Davi é um romance acerca da operação de retomada da cidade de Belém por parte do Exército de Israel, que estava nas mãos dos Filisteus, na qual a Tropa de Elite de Davi ocupa papel de destaque. A bravura e o heroísmo, temas tão correntes nas Escrituras mas pouco explorados, é a tônica desta obra.

O lancamento de Os Valentes de Davi, que está totalmente interligado com o Cenário de Agadá RPG, está previsto para breve. Mas deixarei aqui para os amigos uma pequena amostra do que está por vir:

- “Detesto Cavernas” -, diz Josebe, com uma voz que mais parece um trovoado e uma dicção que faz jus a sua enorme estatura.
-“Eu sei, meu amigo, mas se o rei soubesse o que estamos para fazer se irritaria profundamente. É melhor sairmos por esta passagem secreta que Samá nos indicou, e pegarmos os cavalos do outro lado” -, responde Eleazar calmamente, quase ao mesmo tempo em que apaga a tocha que leva para alumiar o caminho. Afinal, ambos encontraram a saída da caverna.
Não demora muito para que os dois Valentes, do outro lado do vale e bem longe da entrada das Cavernas de Adulão, ouçam o barulho de cavalos: Samá chega montado a um e trazendo outros dois para Eleazar e Josebe
-“Então, nanico, como será nossa diversão esta noite?” -, pergunta Eleazar, com um sorriso no rosto e um tom confiante de voz. Samá desce dos cavalos e começa a desenhar a cidade de Belém ao chão, explicando a seus amigos:
- “A situação é a seguinte: arqueiros filisteus vigiam dos tetos das casas observando com olhos de águia. Guardas armados com espadas circulam pelas ruas de Belém, sempre dois a dois, e ao redor da cidade grupos de quatro soldados vigiam as entradas. Por fim, milhares de filisteus estão acampados próximos à cidade, e este acampamento também apresenta atenciosos sistemas de segurança, o que impede a nossa entrada na cidade a cavalo sem que sejamos descobertos. Pior que isso, se formos a pé não teríamos como fugir depois” -.
Os Valentes se entreolham, como se um ponto de interrogação estivesse por sobre suas cabeças. Afinal, apenas de um jeito poderiam pegar a água da cisterna de Belém: atravessando o acampamento, cruzando a cidade e depois fugindo para o deserto.
Finalmente, Eleazar sorri maliciosamente e diz, olhando para seus companheiros:
- “Vai ser bem mais divertido do que eu pensei...”